Se pudéssemos definir o que é mastectomia em uma única frase, seria:
Mastectomia é uma cirurgia de retirada de um ou até dos dois seios, que pode ser total ou parcial, tendo como alvo a área em que pode se desenvolver ou já está localizado o tumor.
Desde que uma das atrizes mais famosas dos EUA, Angelina Jolie, decidiu realizar o procedimento cirúrgico chamado de Mastectomia Preventiva, que o assunto entrou na mídia. Muitos apoiaram a decisão, mas houve também uma enxurrada de críticas a respeito.
Angelina Jolie escreveu um artigo para o “New York Times” com o título “Minha opção médica” explicando que passou por uma dupla mastectomia preventiva para reduzir o risco elevado de câncer, e que decidiu passar pela operação porque tem uma mutação genética que aumenta o risco de câncer.
Atualmente temos ouvido falar sobre outro objetivo fim da mastectomia, um objetivo que não envolve risco de tumor nos seios, mas sim, adequar o corpo à forma com o qual a pessoa se reconhece. Estou falando da mastectomia masculinizadora.
Mastectomia em homens transgêneros
A mastectomia, também chamada entre médicos de toracoplastia ou mamoplastia masculinizante, consiste na retirada da glândula mamária e no reposicionamento dos mamilos, dando uma aparência de peitoral masculino, que é o objetivo.
As técnicas aplicadas na cirurgia variam de acordo com o tamanho do seio do paciente.
No caso de mamas pequenas, a retirada da glândula mamária pode ser feita diretamente pela aréola, deixando a cicatriz ao redor dela. O tecido mamário também é retirado e uma lipoaspiração para ajustar a área do tórax pode ser necessária. Em mamas maiores, uma das opções é fazer a incisão pelo sulco infra mamário, com a cicatriz ficando abaixo do músculo peitoral. O excedente de pele é corrigido e a aréola e o mamilo são reposicionados.
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Esse tipo de cirurgia tem duração média de 4 horas e oferece os mesmos riscos que qualquer outro procedimento cirúrgico, como sangramentos, hematomas e infecção.
A cirurgia é irreversível quanto à perda da capacidade de amamentação, já que a retirada do tecido mamário representa retirar as células que produzem leite. A possibilidade de reversão cirúrgica fica limitada a devolver o volume mamário através do implante de silicone.
Mastectomia em transgênero pode ser feita pelo SUS
Os homens transgêneros também podem ter acesso à mastectomia pelo SUS (Sistema Único de Saúde) através do “Processo Transexualizador”, instituído pela Portaria nº 2.803, de novembro de 2013.
Mas para o encaminhamento, o indivíduo precisa atender uma série de critérios como: já ter completado 21 anos, estar em acompanhamento com psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, assistente social e cirurgião por no mínimo 2 anos. Além disso a pessoa precisa estar em boas condições de saúde, estar com o peso adequado, realizar exames de sangue, cardiológicos, mamografia e ultrassom, além de portar laudo que comprove o acompanhamento psicológico pelo tempo determinado.
Mastectomia preventiva
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, cerca de uma a cada 12 mulheres terão um tumor nas mamas até os 90 anos de idade. No entanto, a mastectomia preventiva é indicada para mulheres que possuem um alto risco para essa doença. Os critérios para identificar o risco em uma mulher são:
- Mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas podem fazer a cirurgia para reduzir o risco de reincidência.
- História familiar com dois ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama – um parente de primeiro grau e dois ou mais parentes de segundo ou terceiro grau com a doença – dois parentes de primeiro grau com câncer de mama, sendo que um teve a doença antes de 45 anos – um parente de primeiro grau com câncer de mama bilateral – um parente de primeiro grau com câncer de mama e um ou mais parentes com câncer de ovário – um parente de segundo ou terceiro grau com câncer de mama e dois ou mais com câncer de ovário – três ou mais parentes de segundo ou terceiro grau com câncer de mama – dois parentes de segundo ou terceiro grau com câncer de mama e um ou mais com câncer de ovário.
- Mutações genéticas: a mulher possui uma mutação no gene BRCA1, BRCA2 e p53, ambos indicativos de alto risco para câncer de mama.
- Mulheres com lesão de risco: neoplasia intralobular, carcinoma intraductal e hiperplasia epitelial atípica.
Qual médico realiza a cirurgia?
A cirurgia de mastectomia preventiva é feita por um mastologista. No entanto, é indicada uma equipe multidisciplinar, que inclui cirurgião plástico, para fazer a reconstrução mamária, e um psicólogo para acompanhar todo o processo de retirada das mamas, da consulta médica até a pós-cirurgia, para evitar possíveis sequelas emocionais à paciente.